"Vamos estar observando", um fenômeno linguístico muito praticado no Brasil decorrente, segundo alguns linguistas, da tradução literal do inglês - "am/are going to observing", ao qual alguns chamam gerundismo. Eu prefiro denominar de uso excessivo de verbo, uma vez que não apenas a forma nominal do gerúndio é usada.
Há de se pensar sobre a intencionalidade desse jogo linguístico - Verbo auxiliar + verbo no infinitivo + verbo no gerúndio. Vamos lá
Usamos o verbo auxiliar + o verbo principal no infinitivo na língua brasileira quando queremos dizer que vamos agir imediatamente após a fala, vou sair no lugar de sairei, vou trabalhar no lugar de trabalharei e assim por diante. Usamos o verbo auxiliar + o verbo principal no gerúndio quando a ação acontece simultaneamente ao ato da fala, por exemplo, neste momento eu estou escrevendo, estou relendo o meu texto.Há de se pensar sobre a intencionalidade desse jogo linguístico - Verbo auxiliar + verbo no infinitivo + verbo no gerúndio. Vamos lá
O falante, quando associa essas duas formas verbais em uma só locução, possivelmente, esteja querendo se eximir da responsabilidade de se comprometer com o tempo da ação em voga: "eu vou estar olhando" ou "vou estar providenciando" sugere tanto uma ideia de futuro próximo quanto de simultaneidade. Sendo que esta parece ser uma forma paliativa para aquela, numa situação em que um dos interlocutores, durante o ato comunicativo, busca ser excessivamente educado ou não tem uma resposta imediata para um problema urgente e o outro interlocutor deseja resolvê-lo rapidamente. Está aí uma análise...
Essa prática constitui erro? Não necessariamente, apesar de já ter sido proibida por lei aqui no Distrito Federal, porque, segundo o atual Governador, essa estrutura revela pouca eficiência no serviço público, forma eufêmica para se referir à incompetência de alguns servidores públicos. Ingênuo esse nosso Governador, como se pudéssemos proibir a incompetência. A incompetência deve ser demitida, isso sim!!!
Essa prática revela prolixidade por parte do falante e, numa perspectiva dos analistas do discurso, uma esperteza também, pois o falante, além de ser polido, desobriga-se da responsabilidade de realizar o fato em determinado tempo. A reforma linguística, que aconteceu agora para os países lusófonos, não abrange esse tipo de situação, porque essa estrutura não diz respeito às regras da ortografia. Mas bem que o gerundismo poderia ter sido incluído! Evitaríamos tantos excessos.
Quem quiser que acrescente outra análise... Será muito bem vinda...E, com certeza, enriquecedora! Beleza?
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