domingo, 13 de dezembro de 2009

Livre como um Deus


Livre como um Deus
Nando Reis
Não fique triste assim
Não vale a pena
Erros e acertos
São filhos do mesmo pai
E a mãe que fez a dúvida
Deu vida a certeza
O tempo há de mostrar
O mundo se transformar
Mais triste é quem diz
Que para um problema
Só existe a solução
Da matemática
O que me faz feliz
São coisas pequenas
Um lindo arco-íris
Riscando o fim de tarde
E eu olho pra você
E vejo toda a graça
Seus olhos brilham pretos
Seus lábios sem palavras
Seus gestos com timidez
Seus dedos bem pintados
Seu rosto sem segredos
Sorrindo leite em lágrimas
Guarde esse amor
Ele é todo seu
Lindo como a flor
Livre como um deus

AS MÚSICAS de Nando Reis, a começar pela batida da guitarra, sempre me agradaram muito, me fazem lembrar a minha adolescência, tempo em que ele era do grupo Titâs. A música "Livre como um Deus" me remete a essa época especialmente, apesar de ela estar num cd atual e a minha adolescência ter sido há mais de 15 anos. É inevitável, ao ouvi-lo, não relembrar o passado e a minha cabecinha sonhadora, os meus sentimentos. O texto é um diálogo amoroso (no sentido ágape, philia da palavra), em que o eu-lírico, de certa forma, ampara o seu interlocutor e o agrada com palavras de carinho. Além disso, a letra reúne características da estética romântica, porque explora - apesar de centrado na segunda pessoa - uma visão subjetiva dos fatos, da vida e da nossa condição protagonista errante, ou não, e pensante no mundo.
NANDO REIS revela, como traço peculiar de sua produção, o lirismo, que nos emociona, nos fascina e nos faz pensar acerca da nossa condição humana, nossa condição de amar, errar, acertar, reagir, continuar etc. Quase sempre, não paramos para pensar na origem dessa nossa condição e das nossas atitudes. E as metáforas que compõem o seu texto nos provoca para isso. Mostra-nos o ponto inicial para compreendermos a origem dos nossos conflitos e, de certa forma quase que terapêutica, acalma-nos, retira-nos da angústia existencial de ter que sempre exercer a compreensão de nós mesmos, nos ajuda em nossa própria (rsrsrs, desculpe-me o pleonasmo, mas quis reforçar) redenção. Além disso, alguns versos revelam uma crítica à prática racional na tentativa humana de compreender o mundo e resolver os problemas oriundos dele.
FICA AÍ mais uma sugestão para que possamos apreciar. A melodia é muito interessante, revela um sentimento frenético e profundo ao mesmo tempo. O som da voz de Nando Reis revela uma sensibilidade inerente à sua composição.

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