quarta-feira, 9 de março de 2011

PREQARIA CIA DE TEATRO




Nosso Estranho Amor
As PESSOAS normais, as pessoas que não são estranhas, elas dizem, elas olham nos olhos umas das outras e dizem: Eu te amo! Mas este não é o caso dos personagens de “Nosso Estranho Amor”, espetáculo da Preqaria Cia de Teatro que se apresenta na 37ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, 18 a 27 de Fevereiro, às 20h, no Teatro Assembléia. Trata-se aqui de pessoas que se apaixonam em situações extremas, personagens que se definem pelo que perderam, pelo que na têm, pelo que lhes falta.
REALIZADO com recursos do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2008, “Nosso Estranho Amor” é uma livre adaptação do enredo da novela “Primeiro Amor” em diálogo com as novelas “O expulso”, “O Calmante” e “O fim” de Samuel Beckett. Os “sem teto” apresentados por Beckett foram o ponto de partida para que a companhia criasse a sua própria dramaturgia. Na montagem o grupo sugere uma leitura metafórica dos textos originais em que a situação de morador de rua do protagonista, ou seja, o fato de ele não ter uma casa, se evidencia com a falta do amor em sua vida. Com este universo, por cadeias de situações simples e pequenos diálogos cotidianos, a peça constrói uma fábula contemporânea sobre um dos sentimentos primordiais do homem como ser social: o amor, o absurdo que há no amor entre um homem e uma mulher.
A MAIOR parte das palavras ditas na peça vieram de poemas do livro inédito “Clichês e Flores”, do ator e dramaturgo João Valadares, que antes havia publicado “Hipoteca”, pela Anome Livros. Em uma brincadeira com as canções de Caetano Veloso executadas ao vivo pelo violonista André Milagres e a violinista Luiza Anastácio, o texto falado pela atriz Fabiana Loyola é, em parte, retirado das letras de músicas do compositor baiano, como se a mulher encontrasse paralelo entre o homem por quem se apaixonou e os personagens das canções que tanto gosta.
TODO o trabalho de criação cênica foi desenvolvido através de pesquisa realizada pelo diretor Cláudio Dias, da Cia de Teatro Luna Lunera, que passa pelo método do processo colaborativo confrontando as técnicas de “Contato improvisação” do coreógrafo e bailarino Steve Preston que trabalha o movimento com troca de toques, peso e energias; e “View points” da bailarina e coreógrafa Ane Bogart que propõe jogos de relação entre corpo e espaço. A relação com a dança foi impressa no corpo dos atores e norteia a concepção de cenas importantes do espetáculo.
ENQUANTO seguem suas vidas os personagens de “Nosso Estranho Amor” parecem querer encobrir suas tragédias pessoais. O homem fala sem parar, confusamente e de modo entrecortado, mas o mais importante, o fato de ter sido despejado da casa onde viveu desde que nasceu, fica no segundo plano do seu discurso, como um silêncio eloqüente. A jovem se apronta, experimenta os sapatos, se prepara para um novo dia de trabalho, mas o sorriso fácil não deflagra a solidão em que se encontra. Nesse sentido a iluminação – realizada pelos ganhadores do Shell 2007 com “Aqueles Dois” – Felipe Cosse e Juliano Coelho; busca encobrir o que está fora e descobrir o que está dentro, deixando para o público a percepção de atmosfera intimista a partir do espaço cênico proposto pelo cenógrafo Luiz Dias, que também assina o figurino da encenação.
Serviço
Espetáculo: NOSSO ESTRANHO AMOR
Direção: Cláudio Dias
Dramaturgia: João Valadares em colaboração com a equipe.
Elenco: Fabiana Loyola e João Valadares
Produção: Fabio Schimit, Gabriela Dominguez e Raysner de Paula
Relização: Preqaria Cia de Teatro (Belo Horizonte/MG)
Classificação: 14 anos
O que já foi dito sobre o espetáculo:
“Nosso Estranho Amor tem a marca do diretor Cláudio Dias: delicadeza que não se cansa de surpreender. Dramaturgia sofisticada e poética de João Valadares e atuação madura do autor e sua partner Fabiana Loyola completam a engrenagem que faz desse trabalho um encontro que brinda o público com momento de rara sensibilidade”.
Janaina Cunha Melo – Jornal Estado de Minas
“Uma das mais belas e poéticas cenas de sexo que já vi no teatro brasileiro”.
Miguel Arcanjo Prado – Portal R7 da Rede Record SP
“Achei muito ousado deles. A cena de sexo na parede é ‘maluquésima’”.
Juliana Didone – Atriz
“Gostei muito do trabalho dos atores. A cena de sexo com o efeito de cama na vertical deu um peso dramático aquele momento”. Sidney Sampaio – Ator
“Com apenas 27 anos, Valadares se destaca como um dos fortes nomes da dramaturgia mineira” Diogo Cavazotti – Folha de Londrina
“A inconstância entre amar e renegar. Tanto desespero, por vezes torna-se absurdo, provocando risos na platéia”.Michele Bravos – Jornal de Maringá
“A música ‘Nosso Estranho Amor’ de Caetano Veloso dá nome ao espetáculo e ganha vida através de um violino e um violão, enquanto é cantarolada pela personagem... Através do seu canto, ela expressa seus sentimentos e tenta privar o seu amado daquilo que o incomoda”.Michele Bravos – Jornal de Maringá

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