Por Rosa Amélia
Dialogando com Guimarães Rosa
A menina de cá não morava em terra nenhuma, buscava um lugar na serra do "TE" como um refúgio para o seu "Mim". Falava pelo cotovelos, cantava, brincava, parava hora nenhuma. Ser inquieta e irrequieta eram o seu campo de feiticeira.
Na terra do desassossego, buscava apreender aquilo que não aprendia. Era pura fantasia, não revelava nenhum segredo. Tinha medo, tanto medo, que de ler e escrever corria. Só queria borboletas azuis, vermelhas e pretas.
Não tinha o dom de advinha. Era pura peraltice quando brincava de amarelinha. Com ela não adiantava ralhar. Suas brincadeiras eram sempre as mais difícies de acompanhar. Pulava, nadava no rio, contra o mar.
Andava a cavalo, pulava corda, empinava pipa, fingia-se de morta. E sempre em casa sua, batia a porta. Era pura alegria a sua vida em plena cantoria. Ninguém com ela se espetacularizava ou reclamava.
De todos se esquecia, menos de uma Pessoazinha que, de suas graças, ria. Quando olhava pro céu, desenhava no vento um corrossel. Nada lhe agradava mais que o seu anel. Embrenhava-se nas conversas, apontava e replicava:
"Eu não quero vir para cá."
Com o dedinho mindinho riscava o chão. Não era capaz nem mesmo de uma oração. Pobre menina crescia, muito crescia. Contudo contra isso deslutava. Não queria alcançar a tenra idade, a serena idade. A que por enquanto, sofria.
Mas pedia com imensa vontade que queria desmorrer além da idade, para desapreender aquilo que nas estrepolias incompreendia.
Mas daí que um dia o inevitável,
O inefável
O irrefutável
O inenarrável
Aconteceu:
A menina de cá
Cá permaneceu
E tudo na vida desaprendeu.
Um comentário:
Olha eu aqui espiando
Olha eu aqui admirando
Olha eu aqui comentando
E com isso meus conhecimentos aumentando.
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