quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Uai é uai, uai



Esses dias, eu e duas amigas, quando saíamos animadas do Shopping, perto da minha casa, o Terraço, tivemos uma aula de história e linguística. Travávamos um diálogo entusiasmado, uma delas havia acabado de chegar de uma longa temporada na Europa e a outra ainda estava grávida. Estávamos comemerando o retorno de uma, o filho que estava por chegar da outra e fazíamos promessas para as noitadas de Brasília. Como se elas fossem mesmo acontecer! Muito divertido o encontro com as minhas amigas. Pois sim, retomando a saída

Eu? Sou mineira como todo mundo já sabe e não perco o meu sotaque, muito menos deixo de falar uai, trem, ni, entre outras expressões tipicamente de Minas. Quando estávamos ali na maior gargalhada eu, como é de praxe, disse algo parecido com "Nossa, esse trem é bão demais da conta". Nesse instante fomos interceptadas por um senhor muito simpático, que logo veio tirar graça com a minha minerice. Perguntou-me se eu sabia o que significa UAI. Eu conheço muitas explicações. Uma delas é a de que a expressão deriva do vocábulo inglês why, usado para fazer pergunta. Tanto que o nosso uai é usado em situações de questionamento, interrogação e exclamação simultaneamente. Contudo, na hora, só disse ao senhor: Uai é uai, uai. Ao que ele sorriu e docemente acrescentou que tinha uma explicação histórica muito importante. Eu achei extraordinária.
Segundo ele, a expressão UAI nasceu na época do Brasil-colônia, quando as Minas Gerais eram uma das mais ricas provincias. Durante o processo de elaboração do levante que se deu contra a Coroa Portuguesa, chamado de Inconfidência Mineira, os partícipes da conjuração encontravam-se às escondidas e à noite. E para se identificarem eles tinham um código: ao anunciarem a sua chegada com o bater nas portas, diziam UAI, ou seja, Últimos Anônimos Inconfidentes. Depois disso, a palavra se espalhou por todo o estado mineiro e, apesar de poucos pessoas conhecerem a sua origem, usam-na sem ao menos pensar... E é muito gostoso! Porque o UAI, ao mesmo tempo que responde uma pergunta por revelar que parece óbvia a resposta, indaga, questiona, exclama.
A sua riqueza semântica se justifica pelo excesso de uso e não se desfaz na pequenez da palavra. Uai é uai, uai!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Esses episódios estranhos que ocorrem em nossas vidas de fato são engraçados, mas agora além de hilário, te acrescentou algo!
Adoro quando coisas assim acontecem comigo!
Estou aprendendo a cuidar mais do meu português depois que comecei a ler seu blog!

abraço

Rosa Amarela disse...

Que bom que o meu blog esteja te ajudando, na verdade, a minha intenção, quando criei o blog, era justamente esta: ajudar as pessoas.
Beijo