Por Rosa Amélia
Sempre retomo a minha história, para não me esquecer das minhas origens, dos meus percalços e das minhas vitórias e do tanto que ela - a minha história - é linda e do tanto que eu fui corajosa. Às vezes, eu acho que eu devo ter comido o pão que o diabo amassou. Só isso pra justificar a minha defesa das políticas de inclusão do governo federal dos últimos 13 anos. Pra estudar, eu não pude contar com Prouni, Fies e nenhuma bolsa, muito menos com vale transporte. Fiz especialização paga, fiz graduação, mestrado e doutorado em universidades públicas sem bolsa e tive que ralar muito para mostrar que podia competir com aqueles que sempre estudaram em escolas privadas. Desde que me dispus a estudar, tive que conciliar trabalho (em empresa privada), para bancar a minha casa, os meus estudos e os de meus filhos. Fiz um monte de coisa de uma vez só, não sei de onde tirei tanta energia. Muitas vezes tive que vender o vale transporte para poder comprar o leite (não digo isso com tom de vitimismo, digo isso com alegria de boa gestora que sempre fui, tenho orgulho da minha capacidade de administrar bem o que eu adquiri com o meu trabalho suado). Talvez tenha até comido o pão que o diabo tenha amassado mesmo. Assim, quando vejo as políticas de inclusão se definhando, quando vejo as ruas se enchendo de vendedores ambulantes ou pedintes, meu coração apavora. Fico pensando o quanto retrocedemos e o quanto essa geração que teve tantas benesses com as políticas públicas de inclusão, nos últimos anos, não tem conhecimento do que é lutar para ter que estudar, e até sobreviver, como fazíamos no passado. Não que a luta não seja necessária, mas educação é direito fundamental estabelecido pela Constituição Federal. Ninguém devia lutar para ter acesso a ela. Aceitemos os retrocessos... Mas o que me entristece é perceber o discurso de muitos jovens em defesa de um governo que só ataca a população em todos os seus direitos. Tenho a esperança de que, às vezes, para avançar, precisamos retroceder... Bora lá, galera...
Nenhum comentário:
Postar um comentário