domingo, 25 de janeiro de 2009

Memórias de minhas putas tristes.


"...me atravessou a idéia complacente de que a vida não fosse algo que transcorre como o rio revolto de Heráclito, mas uma ocasião única de dar a volta na grelha e continuar assando-se do outro lado por noventa anos a mais." (p. 120)
"... a inpiração não avisa" ( p. 8). E o amor também não. (grifos meus)
"A idade não é a que a gente tem, mas a que a gente sente" (p. )
"A força invencível que impulsionou o mundo não foram os amores felizes, mas sim os contrariados" (p. 75)
"Me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado." (p. 74)
"Dito às claras e às secas, sou da raça sem mérito nem brilho, que não teria nada a legar ao seus sobreviventes se não fossem os fatos que aqui me proponho a narrar do jeito que conseguir nesta memória do meu grande amor." ( p. 11)


Ao entrar na livraria Cultura, há dias, deparei-me com o livro de Gabriel Garcia Márquez e, acreditem, o que mais me chamou atenção, naquele momento, foram as cores da borda do livro e das letras do nome do autor: laranja. Quem me conhece não estranha esse fato, porque sabe que essa cor é a minha predileta.
Peguei o livro e, folheando, sentei-me para ler as orelhas, quando dei por conta já estava lendo o livro. Dirigi-me ao caixa, paguei pelo livro e fui-me embora com o intuito de terminar a leitura. Só parei a leitura quando terminei. Que leitura envolvente! Quanto lirismo para falar da vida fútil de um ser humano que descobre a força do amor somente aos 90 anos. É de arrepiar o coração a narrativa.
Na verdade, eu interpretei o livro como um apelo aos seus possíveis leitores para que estes deixem a capacidade de amar vir à tona. Para que eles não se esquivem do amor. Já li interpretações de que a narrativa remonta histórias do tipo A bela adormecida. Só lendo para atinar e opinar.
A narrativa explora, como enredo, a vida de um jornalista malsucedido, em cuja vida malograda ao insucesso, nunca se deu a chance de viver uma verdadeira história de amor. No intuito de recordar os velhos tempos de sexo pago - atitude da qual se vangloria no início do relato- e para comemorar o seu nonagésimo aniversário, o jornalista
deseja, indecifravelmente, viver mais uma noite de amor e com uma virgem, pela qual se apaixona verdadeiramente, pela primeira vez na vida. Contudo, o fato de ter 90 anos não o impede de viver ardentemente esse amor. É nesse momento que ele se transforma em um jornalista de sucesso, porque passa a escrever inspirado no e pelo amor e sua vida ganha novo sentido. É invadido por inúmeros sentimentos nunca antes vivido. Espera pela morte feliz, sente-se completo, porque passou pelo mundo tendo amado, de fato, pelo menos uma vez.
O resumo assim apresentado me parece pouco envolvente. Mas o romance é de um lirismo inesgotável, já li o livro duas vezes e não me canso de reler as belas construções metafóricas para situações simples do cotidiano humano. É preciso ler para conferir a leveza da obra e a gratidão que sentimos pelo autor após a leitura. É como se nos sentíssemos aliviados de toda "culpa" na postura de quem viveu plenamente o amor, nada temendo e arriscando tudo. É também um aceno ou apelo àqueles que se colocam firmes, endurecidos diante de tal sentimento, para que se deixem envolver pelo outro, se arrisquem no amor e pelo amor, porque vale a pena!!! É um presente dado a nós, com certeza, por um grande homem e poeta. Vale a pena ler o livro.

Beijo a todos

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi Rosinha, me fez relembrar a polêmica filosófica de viver X existir. Acredito que na atualidade a maioria das pessoas deixou de viver para apenas existir em função da escravidão desfarçada e da falsa democracia em que vivemos.

Como conhecemos: "Quem não amou não é digno de ser amado" e "... sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho de minha altura".

Beijos fraternos!

Rosa Amarela disse...

Leia o livro, você vai adorar!

Unknown disse...

Achei interessante, pois só desta forma para eu voltar a ler. beijos