quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Música sertaneja

Na verdade, quando era mais nova, não gostava muito de música sertaneja, achava brega. Era um julgamento preconceituoso, porque nunca parei para ouvir e analisar uma música sequer. Contudo, com a maturidade, tenho observado as letras desse estilo musical e visto que muitas delas estão carregadas de um sentimentalismo que valorizamos na poesia do antigo trovador. Então fico me perguntando: Por que o preconceito tão forte com a música sertaneja? Dispo de minhas armaduras valorativas e reconheço, hoje, na música sertaneja, mais um repertório rico de imagens, de construções metafóricas de origens trovadorescas tão antigas quanto a poesia clássica.

Vamos ler, sem ouvir a música, para realizar algumas constatações acerca da poesia desta letra. Ela me chocou e me chamou atenção quando fui a uma festa de aniversário de um aluno e a mãe pediu que a banda tocasse essa música para revelar o seu sentimento ao filho que acabara de ingressar em uma universidade em outra região. Fato que também aconteceu comigo há um ano. Quase morri de chorar e não posso me lembrar da situação que ainda choro. A sensibilidade da mãe, a vontade dela em expressar os seus sentimentos me deixaram muito comovida como também a verossimilhança, com as nossas vidas, da poesia expressa em cada metáfora que compõe a música. E coraçao de mãe é assim mesmo: quer ver os seus pássaros voando, sente orgulho por isso, mas ao mesmo tempo chora porque quer tê-los sempre sob suas asas.

No Dia Em Que Eu Saí De Casa

No dia em que saí de casa minha mãe me disse filho vem cá
Passou a mão em meus cabelos, olhou em meus olhos começou falar
Por onde você for eu sigo com meu pensamento sempre onde estiver
Em minhas orações eu vou pedir a Deus
Que ilumine os passos seus
Eu sei que ela nunca compreendeu
Os meu motivos de sair de lá
Mas ela sabe que depois que cresce
O filho vira passarinho e quer voar
Eu bem queria continuar ali
Mas o destino quis me contrariar
Eu deixei chorando a me abençoar

A minha mãe naquele dia me falou do mundo como ele é
Parece que ela conhecia cada pedra que eu iria por o pé
E sempre ao lado do meu pai da pequena cidade ela jamais saiu
Ela me disse assim meu filho vá com Deus
Que este mundo inteiro é seu

Eu sei que ela nunca compreendeu
Os meus motivos de sair de lá
Mas ela sabe que depois que cresce
O filho vira passarinho e quer voar
Eu bem queria continuar ali
Mas o destino quis me contrariar
E o olhar de minha mãe na porta
Eu deixei chorando a me abençoar
E o olhar de minha mãe na porta
Eu deixei chorando a me abençoar
E o olhar de minha mãe na porta
Eu deixei chorando a me abençoar

Ouça agora e veja se não se comove? É de rasgar o coração, pelo menos o de mãe eu sei que dilacera... É uma mistura de alegria, dor, satisfação e tudo o que um filho pode provocar em um coração materno.

Digite aqui o resto do post

Nenhum comentário: